terça-feira, 4 de maio de 2010

INAUGURAÇÃO

Quando o Padre Bosco realizou aquela linda festa de inauguração, com a celebração da primeira missa na capela do cemitério de Senador Sá, eu fiquei a pensar: quem será que vai inaugurar? Na ocasião, aproveitando o momento de comoção, eu me aproximei do Pereira, um dos secretários do prefeito da cidade, ou do muquifo (soaria melhor), e implorei chorando que o mesmo solicitasse ao seu chefe que se dignasse a comprar a cadeira de rodas que a muito tempo havia sido solicitada oficialmente. E o mesmo se comprometou a atender meu apelo. Essa cadeira facilitaria em muito, a locomoção dessa criança, que já com oito anos, sem equilíbrio motor para sentar-se por conta própria estava sofrendo imensuravelmente. Além do mais, ele ficou bastante inchado e com isso impossibilitava a mim, de conduzí-lo nos braços, pelo excesso de peso. Mas infelizmente a cadeira demorou mais do que ele foi capaz de esperar. E finalmente resolveu descansar em paz, na graça de Deus. E assim, abençoado que sempre foi, teve a graça de ser o primeiro a ser velado nequela capela, que com tanto empenho foi construida.
Não fosse o descaso e o desrespeito generalizado por parte dos governantes de Senador Sá, este filho da terra ainda estaria entre nós, aprendendo a viver com seus limites e expandindo sua felicidade. Isso mesmo. F e l i c i d a d e. Pois apesar de suas dificuldades, ele era uma criança alegre e sorridente. Por ser muito amado e extremamente bem cuidado. A única coisa que lhe faltou foi os recursos necessários para que pudesse viver com dignidade. tendo que morrer a mingua sem o mínimo de atendimento especializado. Nem mesmo um pediatra para, pelo menos olhar os exames que, com muito sacrifício e a custa de muito sofrimento, foram realilizados. É uma verdadeira barbaridade e uma desgraça sem tamanho. Mas é a pura verdade. Morrer é natural. Criança morrer a mingua é crime, é imoral.