segunda-feira, 28 de junho de 2010

Querida Professora

A criança pobre, que vive no suburbio, filha e pais separados, e que fica a cada dia em casa diferente: um dia na avó, um dia na casa da tia, outro em qualquer lugar. Ela não é pobre apenas de recursos financeiros, mas principalmente de atenção, carinho e compreensão. É uma criança, as vezes rebeldes, outras vezes acanhada. Muitas vezes insegura e assustada. Quando ela vai pra escola, talvez espere encontrar lá, um mundo melhor, onde se sinta mais segura. Mas o que acontece? A coitada da professora, muitas vezes sem formação adequada para exercer o cargo que ecupa e sem os recursos didáticos pedagógicos necessários para desempenhar bem o seu trabalho, não tem condições de oferecer à criança, o mínimo necessário para que ela veja a escola como um lugar confiável. E pra complicar mais, quando chega em casa que os adultos "bem intencionados" vão lhe ensinar a tarefa caseira, começam a chamá-la de burra porque, com sete anos ainda não conhece o alfabeto.
Hoje eu vi uma dessas crianças. Fiquei bastante preocupada com a reação dela, quando lhe pedi que me mostrasse o caderno. Sua reação foi de pânico. Ficou desesperada quanda tentei pegar em sua mochila. Por que será? Fico imaginando o que terá acontecido na escola quando a "querida professora" pediu pra ver sua tarefa do dia anterior. Se é que pediu.
É um desastre o que estão fazendo da educação infantil em nosso município. É criminosa, a forma como são tratadas nossas crianças, nas nossas escolas públicas municipais. As queridas professoras, coitadas, analfabetizadas e tranformadas de empregadas domésticas a professoras de educação infantl. Apenas pelo mérito politiqueiro. Quando as pedagogas e especialistas em educação, muitas vezes até aprovadas em concursos, estão fora da sala de aula. E até mesmo da escola. É lamentável. Sinto muito "querida professora", pela criança, por você, pelo futuro do nosso município e principalmente por eu, no momento, não poder transformar esta realidade.

Nenhum comentário: